sábado, 6 de dezembro de 2025

Análise de Pão e Circo, de Paulo Nazareth

 



A obra "Pão e Circo" (2013), do artista brasileiro contemporâneo Paulo Nazareth, é uma instalação performática que critica questões sociais, políticas e econômicas, refletindo sobre consumo, colonialismo e desigualdade. Nazareth é conhecido por seu trabalho engajado, que muitas vezes mistura arte conceitual, performance e intervenções urbanas.


Sobre o Artista

Paulo Nazareth (Governador Valadares, MG, 1977) é um artista visual e performático brasileiro, com uma produção marcada pela crítica às desigualdades sociais e às estruturas de poder. 

  • Origens: Negro, periférico, e com ascendência indígena Borum (Krenake). Sua origem e vivências (já foi jardineiro, padeiro, vendedor ambulante) são centrais para a sua arte.
  • Linguagem: Sua arte é muitas vezes chamada de "arte relacional" ou "arte de conduta", usando o próprio corpo como suporte e a performance como meio. Ele busca desafiar espaços elitistas do museu e da galeria.
    
Paulo Nazareth é um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira. Seu trabalho dialoga com:
  • Performance
  • Arte relacional
  • Questões raciais, sociais e pós-coloniais
  • Crítica à globalização e à desigualdade
  • Humor como ferramenta política



Muitas de suas obras utilizam objetos cotidianos ou minimalistas, quase sempre articulando corpo, território e identidade.


Sobre a Obra: Pão e Circo (2012)

A obra é uma impressão fotográfica sobre papel algodão composta por três autorretratos lado a lado. Em cada imagem, o artista utiliza pães de sal amarrados com barbantes no rosto para vedar um sentido diferente.]

No Brasil, esse conceito é muito usado para criticar estratégias do Estado para distrair a população, manipulação pela mídia, consumo acrítico, despolitização coletiva.

Nazareth reposiciona esse conceito no presente, trazendo-o ao corpo e à violência simbólica vivida por grupos marginalizados.

A disposição em tríptico (três imagens lado a lado) é uma clara citação visual dos três macacos sábios (Mizaru, o que cobre os olhos; Kikazaru, o que tapa os ouvidos; Iwazaru, o que tampa a boca).

Nazareth substitui as mãos pelos pães, criando uma metáfora material poderosa: não é apenas uma "ignorância simbólica", mas uma ignorância alimentada pelo consumo básico ("pão") que cala, cega e ensurdece.


Simbologia dos Materiais
Pão de sal (pão francês): Símbolo do alimento cotidiano, básico, mas também da sobrevivência. No Brasil, tem conotação de alimento popular, mas também de subsistência. Amarrado ao rosto, ele se torna um instrumento de opressão – o que nos sustenta também nos silencia, nos cega, nos ensurdece.

Barbante: Material simples, de amarração, que evoca precariedade, restrição e soluções improvisadas. Pode remeter às amarras sociais que não são correntes visíveis, mas são eficazes.

O pão deixa de ser alimento e passa a ser mordaça, tapa-olhos, tapa-ouvidos.

A performance altera o sentido do pão, mostrando como as estruturas sociais “alimentam” mas, ao mesmo tempo, cegam, abafam e silenciam.



Título e Referência Histórica:

O título remete à expressão latina "panem et circenses" ("pão e circo"), usada na Roma Antiga para descrever a estratégia de governantes de distrair a população com alimentação básica e entretenimento, evitando revoltas.

Nazareth atualiza essa ideia para criticar a sociedade contemporânea, onde o consumo e o espetáculo mascaram problemas estruturais como pobreza e opressão.

A Atualização Crítica do Provérbio:

Os macacos originais transmitiam um ensinamento moral positivo ("evite o mal"). Nazareth inverte o sentido: aqui, a vedação dos sentidos não é uma escolha virtuosa, mas uma imposição social.

A obra critica a passividade forçada de quem, para ter o "pão" (sobreviver, consumir o básico), aceita não ver as injustiças, não ouvir os gritos e não falar contra o sistema.

É uma crítica à cooptação pela necessidade: o pão que deveria nos nutrir é o mesmo que nos amordaça.

Análise Visual / Artística



Elementos constitutivos básicos artísticos:

Ponto
Embora não seja um ponto isolado no sentido técnico, o rosto humano funciona como ponto de atração visual central.
O espectador é imediatamente levado ao centro da imagem, onde ocorre a ação performática.
Os pães também atuam como pontos focais secundários — chamam o olhar pelo estranhamento de sua função deslocada.

Linha
  • Linhas naturais - As linhas do cabelo crespo criam um volume radial, quase explosivo, que contrasta com a linearidade do corpo e da camisa. As linhas do colarinho e da gola do suéter reforçam verticalidade e direção.
  • Linhas artificiais - As tiras que prendem os pães ao rosto são linhas decisivas: cruzam o rosto, criam diagonais, remetem à ideia de contenção ou aprisionamento. Essas linhas diagonais geram tensão visual — não são linhas neutras, mas agressivas ou constritivas.
Forma
  • Formas dos pães - São formas orgânicas, assimétricas, irregulares. Contrastam com as formas geométricas e estáveis do corpo humano posicionado frontalmente.
  • Formas do corpo e da face - A figura humana é a forma dominante: vertical, firme, centrada. A sobreposição de formas orgânicas sobre formas humanas cria o efeito de estranhamento e ruptura — como se algo externo moldasse ou deformasse a identidade.
Cor
  • A obra utiliza uma paleta restrita, com a predominância de tons terrosos e neutros, o que evidencia sua intenção conceitual:
    • Tons predominantes - Marrom claro / bege dos pães, preto do cabelo e suéter, Cinza / creme da camisa, Fundo branco.
  • Funções simbólicas - A paleta neutra elimina distrações cromáticas, focando na ação performática. O contraste forte entre pão (claro) e cabelo (escuro) intensifica o impacto visual. O fundo branco funciona como “não-cor”, destacando o corpo como elemento escultórico.
Volume 
  • Volume dos pães - Eles projetam-se para fora do rosto, criando uma tridimensionalidade marcante. A obra não é só visual: ela sugere tato, peso, pressão.
  • Volume do cabelo - O cabelo cria uma espécie de moldura esférica natural, ampliando o espaço escultórico da cabeça.
  • Volume do corpo - O corpo é estável e plano, funcionando como suporte para o que se destaca: o rosto e os pães. 
A obra trabalha volumes como se fossem peças escultóricas acopladas ao corpo.


Diálogos com Outras Obras Artísticas e Literárias

A obra se insere em um discurso contemporâneo que questiona o contexto político no Brasil, estabelecendo interdiscursividade com diversas produções culturais:

  • 1984 (George Orwell): "Pão e Circo" dialoga com o livro de Orwell ao criticar o consumismo e o individualismo. Ambos expõem como o controle social é mantido por meio da distração das massas com o mínimo necessário para a sobrevivência e o entretenimento superficial, expondo a alienação contemporânea.
  • "Panis et Circenses" (Os Mutantes): A música de 1968, que usa a mesma metáfora, tem interdiscursividade com a obra de Nazareth ao refletir críticas ao controle social e à alienação das massas, com foco na exploração das necessidades básicas como opressão.
  • "Comida" (Titãs): Ambas as obras utilizam elementos do cotidiano, como o pão e a comida, para questionar como esses recursos são usados para manter as classes populares conformistas e passivas, propondo uma reflexão sobre opressão e resistência.
  • "Bienal" (Zeca Baleiro): O diálogo com a música de Baleiro critica a arte contemporânea institucionalizada e elitista. Enquanto Baleiro ironiza o mercado, Nazareth subverte as convenções da arte hegemônica ao integrar experiências cotidianas e de resistência, questionando o valor estético imposto por instituições culturais.
  • Intratextualidade ou Autotextualidade (Diálogo com a Própria Obra): A Cegueira em Obras Anteriores: Não é a primeira vez que Paulo Nazareth trata da cegueira em suas performances. Em trabalhos anteriores, como A carne (2005), o artista já estabelecia uma relação simbólica entre o corpo e elementos materiais ao cobrir os olhos com tiras de carne. Assim como o pão, a carne funcionava como uma metáfora da fragilidade humana e uma crítica à negação da visibilidade às populações periféricas.


Leitura Simbólica

O Pão de Sal: Subsistência Como Mecanismo de Silenciamento, Cegueira e Desconhecimento

A performance "Pão e Circo" utiliza o pão de sal, um elemento simples e cotidiano da alimentação básica e de subsistência, como um potente acessório que carrega uma forte carga simbólica. Ao invés de nutrir, o pão é transformado em um mecanismo que limita a liberdade de expressão, o pensamento crítico e a percepção da realidade.

O título da obra já remete à política de "pão e circo" do Império Romano, uma estratégia de controle social que utilizava a distribuição de alimentos e entretenimento para distrair o povo de reflexões críticas sobre as injustiças. Nazareth se apropria dessa crítica, usando o pão para expor como as classes dominantes oferecem o mínimo necessário para manter as classes marginalizadas passivas e cegas à realidade.

Pão como ferramenta de silenciamento
  • O alimento básico, símbolo de subsistência, se transforma em instrumento de opressão.
  • É uma crítica a políticas que oferecem o mínimo para manter a população passiva, enquanto escondem desigualdades e violência estrutural.
Pão como consumo / mercado
  • O pão também simboliza: consumo rápido, economia doméstica, banalidade diária.
Ao colocá-lo em posições grotescas no rosto, Nazareth revela o absurdo da vida moderna, em que consumo substitui consciência social.

Os Três Autorretratos e o Pão como Interdição

A crítica às estruturas de poder é detalhada através da amarração do pão em três locais específicos do corpo do artista:
  • Pão na Boca (Silenciamento): O pão, como símbolo de subsistência, bloqueia a boca.
    • Este gesto critica a maneira como a sociedade oferece apenas o mínimo necessário para a população periférica, ao mesmo tempo que impede a comunicação ou expressão plena das questões sociais.
    • Em termos históricos, isso reflete a tendência em sociedades pós-coloniais e capitalistas de reduzir o ser humano a um espectador passivo que não é incentivado a questionar ou expressar suas condições de vida.
  • Pão nos Olhos (Cegueira Forçada/Desconhecimento): Os pães amarrados aos olhos aprofundam o simbolismo do desconhecimento ou da cegueira forçada.
    • Os olhos, essenciais para a percepção e conexão com o mundo, são obstruídos pela própria "oferta de subsistência".
    • Isso serve como uma crítica direta à ignorância imposta pelas estruturas de poder, que usam o "pão" para manter as pessoas distraídas e passivas, impedindo-as de enxergar a realidade de forma ampla.
Pão nas Orelhas (Falta de Escuta): O pão amarrado às orelhas reforça a ideia de falta de escuta ou de um discurso que não é ouvido.
  • A obra sugere que a sociedade escolhe não ouvir o clamor das populações marginalizadas, mantendo-as ocupadas com uma alimentação básica e entretenimento superficial.
  • Essa técnica questiona o contexto político no Brasil e convida o espectador a refletir sobre a passividade social.
O uso de um material tão trivial, como o pão, na performance, ajuda a ressignificar sua identidade e a refletir sua crítica à sociedade, alinhando-se a outros trabalhos de Nazareth que utilizam elementos cotidianos em seu repertório simbólico.


Corpo negro como território político

Nazareth frequentemente usa o próprio corpo como campo de experimentação, expondo:
  • racialização
  • estereótipos sociais,
  • vulnerabilidade,
  • identidade.
Aqui, o corpo é invadido pelo pão, como se o “sistema” se instalasse diretamente sobre o sujeito.

Paulo Nazareth é um homem afro-brasileiro com ascendência indígena Krenak e italiana, cuja identidade é moldada por raízes ancestrais e experiências em contextos periféricos. O fato de o performer estar em destaque na obra enfatiza sua relação pessoal e direta com as problemáticas sociais abordadas enquanto homem não-branco ligado à periferia.

Ao escolher o próprio corpo como suporte artístico, Nazareth se inscreve na tradição da body art, transformando-o em um meio de resistência e denúncia.

No Brasil, onde o corpo negro foi historicamente objetificado, explorado e criminalizado, a imagem de um homem negro que se coloca como protagonista visual e simbólico de uma crítica social é um gesto profundamente político.

Denúncia da Opressão Racializada e Apagamento Histórico

A apropriação dos Três Macacos Sábios é ressignificada por Nazareth em uma chave política, crítica e racializada. Em vez de um princípio de sabedoria espiritual, o corpo de um homem negro é visto como amarrado, interditado, silenciado, cego e ensurdecido à força.

 A obra denuncia um contexto de silenciamento forçado, alienação social e apagamento histórico que incide especialmente sobre o corpo negro e periférico no Brasil contemporâneo. 

O trabalho de Nazareth, de maneira mais ampla, critica o racismo e confronta estruturas coloniais e heranças de desigualdades globais.

Resistência Estética e Afirmação de Identidade

 
Nazareth é conhecido por obras que envolvem caminhadas, coleta de objetos e diálogo com comunidades marginalizadas.

Em "Pão e Circo", ele reforça seu interesse em economia informal, sobrevivência e resistência cultural.

A imagem do artista, um homem afro-brasileiro e de ascendência Krenak com um cabelo crespo volumoso e um estilo simples, é em si uma afirmação política. 
 
O cabelo black power, presente na imagem, é um símbolo de resistência negra e de valorização da identidade afro-brasileira, apresentando um contraste visual com o gesto performático de censura. Essa representação resiste às imposições de padrões estéticos e culturais dominantes.  
 
O corpo do artista não é passivo: é uma imagem que "fala sem palavras, grita em silêncio, recusa a invisibilidade". O artista coloca a identidade negra no centro de seu trabalho para refletir sobre as condições de marginalização e exclusão dessas populações.

A Crítica ao Silêncio Social

"Pão e Circo" aponta para uma sociedade que, diante da violência contra os corpos negros, muitas vezes prefere não ver, não escutar e não falar, o que garante a manutenção de seus privilégios.

A obra questiona o pacto perverso entre dominação e silêncio, denunciando a naturalização do racismo e da desigualdade. O corpo negro, portanto, transforma o silêncio literal imposto pela mordaça (pão) em uma fala, visão crítica e escuta ativa.


Leitura Sociopolítica (Brasil contemporâneo)

A obra dialoga com:

  • populismo político
  • indústria cultural e entretenimento massivo
  • invisibilização de corpos racializados
  • fetichização da pobreza

No Brasil, onde desigualdade, fome e manipulação midiática são temas centrais, a obra adquire uma força particular: ela aponta para o modo como o sistema político-econômico mantém milhões de pessoas com “o mínimo” e cobra, em troca, silêncio e conformidade.

CONCLUSÃO


Conclusão

Esta versão fotográfica de "Pão e Circo" é uma síntese brilhante de conceitos. Nazareth funde:
  • Crítica social brasileira ("pão" como subsistência).

  • Referência cultural universal (os três macacos).

  • Crítica ao espetáculo midiático (implícita no título "circo" e na vedação dos sentidos, que impede uma relação verdadeira com o mundo).

A obra pergunta: O que nos cega, nos ensurdece e nos cala hoje? E responde: Muitas vezes, são as próprias condições básicas de sobrevivência e o sistema de consumo que nos mantêm alienados ("o pão") e distraídos ("o circo").

É uma obra que, ao materializar o provérbio com objetos do cotidiano, torna visível um mecanismo de controle social muitas vezes invisível. Parabéns novamente pela precisão na descrição – ela transforma completamente a análise, mostrando a genialidade de Nazareth em condensar críticas complexas em imagens tão diretas e potentes.



QUESTÕES

1) Sobre a função social da arte na contemporaneidade e os sentidos propostos pela obra Pão e circo, assinale a alternativa que melhor expressa o papel assumido por Paulo Nazareth em sua prática artística.

a) Registrar memórias pessoais para provocar diálogo com temas coletivos.

b) Reafirmar noções tradicionais de beleza e técnica da arte clássica europeia.

c) Produzir peças neutras para contemplação estética e envolvimento afetivo.

d) Utilizar o corpo e elementos simbólicos como crítica, expondo tensões sociais.


2) A fotoperformance Pão e circo, do artista Paulo Nazareth, ao utilizar pedaços de pão como elemento central da composição e posicioná-los estrategicamente sobre a boca, os olhos e os ouvidos, propõe uma critica incisiva à realidade social contemporânea. A escolha do alimento básico como símbolo, em combinação com a amarração do corpo, convida à reflexão sobre relações de poder, controle, exclusão e apagamento sensorial.

Com base na imagem e nas possibilidades de leitura simbólica, infere-se que a obra sugere que

a) o pão, quando garantido como direito universal, é a chave para promover justiça social e inclusão.

b) a sociedade moderna valoriza o alimento e o entretenimento como meios legítimos de expressão e presença identitária.

c) há um silenciamento diante das estruturas sociais dominantes, sustentado pela satisfação de necessidades básicas.

d) o artista acredita que o consumo de pão e o acesso à cultura de massas são formas legítimas de liberdade individual.


3) Em Pão e circo, de Paulo Nazareth, a composição em três quadros (tríptico) utiliza a fotografia como meio para registrar uma performance silenciosa, apoiando-se na repetição de elementos e na linguagem visual direta.

Assinale a alternativa que melhor representa uma escolha técnica e estética feita pelo artista nessa série fotográfica.

a) As três imagens apresentam contrastes bruscos de luz e movimentos dinâmicos do corpo, criando efeito de velocidade.

b) A frontalidade das imagens, a neutralidade da cor e o enquadramento estático ampliam o foco no gesto simbólico e no objeto atado ao rosto.

c) A sequência aposta em estética fragmentada como forma de representar crises sociais e subjetivas evidenciadas pelo pão como objeto simbólico.

d) O uso de filtros de cor intensa e texturas mostra a adesão do artista à estética contemporânea na produção do autorretrato.


4) Na obra Pão e circo, o próprio Paulo Nazareth é o modelo das fotos - um exemplo de autorrepresentação performática e silenciosa. O gesto de cobrir partes do rosto com pão fotografa mais do que um corpo: registra uma construção narrativa visual.

Sobre o uso do autorretrato na arte contemporânea, é correto afirmar que ele

a) assume propositalmente um papel múltiplo: o artista é sujeito, objeto, discurso e crítica, tudo ao mesmo tempo.

b) recupera o ideal clássico da pintura autoral europeia, valorizando a simetria e o realismo como forma de expressão.

c) segue regras rígidas do retratismo tradicional para garantir a representação objetiva da identidade do artista.

d) prioriza a captação fidedigna das emoções humanas, afastando-se de metáforas visuais e projetos conceituais.


5) Os emojis dos três macacos são amplamente utilizados no cotidiano digital das redes sociais e, embora usados de forma casual no dia a dia, eles também apresentam uma simbologia. O ato de tapar os olhos, as orelhas e a boca é também retratado em Pão e circo, obra de Paulo Nazareth.


Assinale a alternativa correta sobre o diálogo entre a obra Pão e Circo de Paulo Nazareth e os emojis dos três macacos, considerando as relações de controle social e passividade.

a) Tanto a obra de Nazareth quanto os emojis representam a passividade das massas, na qual o controle social é exercido por meio do entretenimento e da alienação.

b) A obra de Nazareth utiliza o conceito de "pão e cir-co" para afirmar que as populações periféricas são passivas por opção, enquanto os emojis sugerem que a passividade é imposta.

c) Enquanto os emojis representam uma abordagem mais filosófica e abstrata para refletir sobre o controle social, a obra de Nazareth utiliza uma crítica direta e irreverente à passividade social.

d) Ambos os símbolos, tanto na obra de Nazareth quanto nos emojis, utilizam o humor e a ironia para criticar a passividade social e a alienação das massas.


6) Em Pão e circo, observa-se uma crítica profunda ao-controle social e à alienação das classes populares. Esse trabalho de Paulo Nazareth dialoga com a ideia de que a arte performática pode ser utilizada como uma forma de resistência social.

É correto afirmar que o projeto

a) reforça a visão tradicional de arte como algo restrito a instituições elitizadas, longe das questões sociais e das vivências cotidianas.

b) promove uma forma de arte apolítica, sem interação com as questões sociais mais urgentes, focando apenas em aspectos estéticos e formais.

c) utiliza elementos cotidianos, como o pão, para simbolizar como os recursos básicos são instrumentalizados para manter as massas passivas e distraídas.

d) faz uma crítica ao controle social, mas limita sua mensagem a um contexto restrito, não conseguindo se conectar com o público em uma escala mais ampla.


7) Ao usar seu próprio corpo no ato artístico Pão e circo, bem como objetos simples do cotidiano e registrar por meio de fotografias, o artista Paulo Nazareth mistura diferentes formas de arte.

Entre as ideias a seguir, assinale aquela que melhor interpreta a mistura de linguagens artísticas presentes nessa obra e seu sentido social.

a) O projeto valoriza técnicas tradicionais de fotografia herdadas do século XIX.

b) A obra combina corpo e objetos para criticar questões sociais e aproximar arte e realidade.

c) A ação do artista mostra que apenas a arte popular tem valor verdadeiro na sociedade atual.

d) O artista usa uma técnica de arte romana para representar uma cena comum do dia a dia.


8) Em Pão e circo, o artista Paulo Nazareth cobre os olhos e os ouvidos com pedaços de pão, presos ao rosto com barbantes. A ação foi registrada por meio da fotografia, com o próprio corpo sendo o suporte da obra. O título ironiza a expressão romana que remete ao controle social por meio de entretenimento e de alimentação básica.

Com base na obra e no conceito de consumismo contemporâneo, infere-se que

a) o pão simboliza o excesso de consumo e seu uso na obra representa a abundância de oportunidades distribuídas de forma justa.

b) o artista defende o retorno à simplicidade do alimento como forma de autonomia frente à publicidade agressiva da alimentação industrial.

c) a obra denuncia, de forma visual e simbólica, como a ilusão de satisfação material é usada para encobrir desigualdades e silenciar subjetividades.

d) a crítica do artista está voltada à fetichização do corpo negro pela indústria cultural, reforçando a valorização de identidades consumidas como imagem.


9) A obra Pão e circo, de Paulo Nazareth, utiliza ações performáticas nas quais o corpo do artista interage com elementos simbólicos do cotidiano, como o pão, em uma crítica direta à sociedade de consumo e à alienação. Por meio dessa fotoperformance, o artista propõe uma reflexão sobre a função social da arte e se aproxima de linguagens não hegemônicas, como o ativismo visual e a arte marginal.

Considerando a relação entre arte popular e arte eru-dita, bem como a tendência de trânsito entre fronteiras nas produções contemporâneas, assinale a proposição que melhor caracteriza a obra.

a) A obra reafirma a distinção entre arte erudita e arte popular ao resgatar símbolos clássicos da imagem ocidental.

b) A obra tensiona as fronteiras entre arte erudita e popular ao adotar linguagem performática com materiais cotidianos.

c)A obra nega o valor da arte erudita ao propor que apenas manifestações populares possuem relevância crítica.

d) A obra reforça a legitimidade da tradição acadêmica ao retomar estilos e formatos clássicos da escultura europeia.


10) Em certas obras de Nazareth, podemos perceber que ele coleta itens que são claramente parte de processos relativos às caminhadas dele, os quais recolhe e guarda.

Pensa nos trabalhos como projetos, logo todo material acumulado tem lugar traçado no recolhimento. Como trata-se de objetos resgatados ou descartados, não possuem valor de mercado e é exatamente isso que lhe interessa: rejeitados pelo sistema, não perdem o valor simbólico a eles agregado.
SOUZA, Rafael Perpétuo de. Vendo minha imagem: Paulo Nazareth e arte for sale. Dissertação (mestrado) - Escola de Belas Artes, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2021. (adaptado)

Com base nas ideias do texto, é correto afirmar que

a) os itens coletados nas caminhadas servem à reprodução de obras já conhecidas pelo público, demonstrando a intenção de reafirmação estética clássica.

b) a seleção dos objetos descartados visa recuperar exclusivamente o valor econômico dos materiais, transformando obras em bens comercializáveis.

c) o artista estabelece uma crítica ao sistema de arte tradicional ao incorporar objetos descartados, atribuindo-lhes valor simbólico e contestando a lógica de mercado.

d) o valor artístico dos materiais utilizados depende da sua aceitação prévia no mercado de arte, sendo essencial que possuam reconhecimento estético consolidado.

11) Na tradição clássica, o belo era aquilo que agrada aos sentidos. Já a estética contemporânea desloca o belo para o campo da crítica, do incômodo, do pensamento.

Com base nessa perspectiva, explique como a obra Pão e circo, de Paulo Nazareth, convida a repensar o que pode ser considerado belo em arte.


12. É atribuída à filosofia confucionista o seguinte trecho:

"Não olhe para o que é contrário à propriedade; não ouça o que é contrário à propriedade; não fale o que é contrário à propriedade; não faça nenhum movimento que seja contrário ao decoro."

Explique de que modo a obra Pão e circo representa uma crítica à passividade, relacionando-a com o excerto anterior.


13) Paulo Nazareth é um artista brasileiro cuja presença física costuma estar no centro de suas obras. Em Pão e circo, ele não representa, ele se apresenta - oferecendo seu corpo para a construção simbólica da crítica. A opção por não usar modelos ou atores evidencia a centralidade do corpo negro na performance, chamado a ocupar um espaço de enunciação que historicamente lhe foi negado.

a) Analise como o uso do próprio corpo como suporte artístico contribui para a força crítica e simbólica da obra Pão e circo, especialmente a partir da identidade racial do artista.

b) Explique como o corpo pode funcionar, na arte contemporânea, como meio de contestação política.

14)  Em um tempo marcado pelo excesso de informações, imagens violentas e estímulos audiovisuais constantes, muitos jovens relatam sentir indiferença diante de tragédias coletivas. A abundância visual parece provocar o oposto do que se espera: não reforça empatia, mas dilui o afeto. Obras como Pão e circo colocam em questão o que, de fato, estamos dispostos a ver, ouvir e sentir.

a) A obra Pão e circo, ao representar alguém com olhos e ouvidos cobertos com pão, discute o silêncio e a passividade. Relacione essa imagem ao comportamento social mediado pelas redes, especialmente entre os jovens.

b) Em sua opinião, qual deve ser o papel da arte frente à dessensibilização provocada pelo excesso de informação na sociedade digital?


15. A obra Pão e circo, de Paulo Nazareth, evoca a expressão romana panem et circenses, que simboliza estratégias de controle social por meio da oferta de alimentação e de entretenimento ao povo, como forma de conter protestos ou críticas ao poder. Nazareth é conhecido por misturar performance, fotografia e crítica social, muitas vezes integrando materiais simples, cotidianos ou descartados, como meio de questionar as estruturas políticas, econômicas e simbólicas que moldam o mundo em que vivemos.

a) Analise de que forma a obra Pão e circo, de Paulo Nazareth, estimula o desenvolvimento do senso crítico nos jovens, destacando pelo menos dois aspectos simbólicos da performance.

b) Explique como a estratégia estética e simbólica dessa obra se contrapõe a formas tradicionais de arte e comunicação, considerando o papel do artista como provocador social.









GABARITO:  1) D    2) C    3) B    4) A    5) A    6) C    7) B    8) C    9) B    10) C


















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